O amor morre
Atravessam-se tempos difíceis, tempos de luta, de guerra mesmo. Tempos em que é preciso manter o estado de alerta. Fiquemos atentos, meus caros e minhas caras, e não baixemos a guarda um segundo sequer.
Como é do conhecimento de todos, o mundo está a mudar e para melhor mudamos todos, mas não é o caso. É caso para sair à rua e, com todas as armas que temos, lutar. Não vai ser fácil, não vai ser bonito, mas juntos vamos conseguir.
Nunca, em tempo algum, se imaginou que chegaríamos a este ponto. Encontramo-nos numa encruzilhada, irmãos e irmãs, e é preciso decidir para onde queremos caminhar. Há que decidir, e já, se seguimos a manada os se lutamos com as armas que temos.
O amor está a sob ataque. Cada dia que passa perde mais uma luta nesta batalha perversa. Enfrenta a maior crise da história da humanidade e parece que não há forma de a travar. Perde-se amor a cada segundo que passa.
Todas as histórias de amor, as mais marcantes, escritas pelos mais enamorados, estão a cair no descrédito. As pessoas estão a deixar de acreditar nessa forma de amar. Perdeu-se a fé. Estão a deixar de amar. O amor está a morrer.
Já não querem o amor: das histórias, o amor dos poetas e escritores, o amor arrebatador, o amor que tudo suporta, o amor que tudo sofre – e se sofre -, o amor que transforma. Já não se quer amar. E isto, sim, é a maior crise de toda a humanidade.
O amor está a ser substituído pelo contacto físico fugaz, desinteressado, desapegado e desamado. Pedaços de carne se entrelaçam, misturam e fundem-se só para satisfação corpórea de um impulso primitivo. E não se ama mais.
Afirma-se, à boca cheia, de que somos a espécie mais evoluída e, no entanto, cedemos tão facilmente a impulsos, de forma irracional, tão primitivos como esses. E não se ama mais.
Haverá acto mais perfeito do que o amor a acontecer entre duas pessoas que se amam? Que se amam no verdadeiro sentido da palavra: com respeito, com amizade, com cumplicidade, com afecto, com solidariedade, com empatia, com compreensão: numa simbiose perfeita, onde não se distingue onde começa um e onde acaba o outro.
A beleza mágica da fusão de dois corpos numa só alma; a uma só voz: o amor. A perfeição materializada no acto do amor. A perfeição tornada noutro ser feito à imagem e semelhança de quem o gerou. E não se ama mais.
O amor está pelas ruas da amargura, numa crise nunca antes vista; nunca antes imaginada. É urgente lutarmos juntos, com amor e em amor, em união com todas as armas que temos. Só se ganha esta batalha com a arma do amor. Irmãos e irmãs, espalhemos amor por todos os cantos, ou semicírculos, do mundo. Amemo-nos, no verdadeiro sentido da palavra, antes que o amor morra. O amor está a morrer.