Viseu, velha amiga
Voltamos a encontrar-nos, velha amiga. Passou tanto tempo desde a última vez que te vi, mas continua a parecer que foi ontem. O nosso olhar, fixo um no outro, começa um diálogo em surdina. E há tanto para falar; tanto para contar.
Tu estás na mesma e eu mudei tanto. Foi em ti que aprendi a dar os primeiros passos no que sou hoje. Foi em ti que sonhei o sonho de melhorar a saúde das pessoas. Foi em ti que os meus horizontes se alargaram. Foi em ti.
O tempo pode passar, mas a tua imagem, a tua essência, o teu cheiro e as tuas gentes permanecem intactos. E sinto que parte de mim te pertence, mas, tu, há muito que me deixaste. Parti.
Parti para terras quentes e distantes, deixei-te para trás, mas ainda fiquei em ti. Vou voltando para te rever; para me rever. Volto para encontrar a inocência de anos passados. Volto à capacidade de projectar um futuro melhor. Volto a sonhar, mas não volto sozinha. Parti só, mas volto acompanhada. E quero-lhes mostrar as tuas belezas e o quanto te amo.
Cresci; já não sou a pessoa que era há anos atrás. A vida tem sido como os teus caminhos; cheios de rotundas e velocidades controladas, com retrocessos e avanços acautelados. E refugio-me no teu parque do Fontelo onde encontro a paz para continuar. Subo até à tua Sé onde ouço as guitarras a chorar canções de amor e onde revivo a queima. Regresso ao Rossio onde me deslumbro com o teu brilho.
És para mim a cidade do meu coração; onde preciso voltar, onde me perco e volto a encontrar.
É bom rever-te, minha velha amiga. Viseu, cidade do meu coração.