O controlo
O controlo, aquela ficção low budget que todos fingem ser revolucionária. Vive-se na ilusão de o conseguir. Calculam-se todas as variáveis. Levantam-se todas as hipóteses. Que desperdício. Que perda de tempo.
Tanto tempo, mas tanto tempo. E energia? O desgaste que provoca. O cansaço. O aborrecimento. No final? O confronto com a realidade; nua e crua.
Não se controla nada. Absolutamente nada.
E perdemos tempo na ilusão vã de se conseguir controlar. Por cada acontecimento controlado desencadeia-se uns quantos improváveis. E tenta-se, mais uma vez, controlar. Perdemo-nos no meio de tanto controlo. Descontrolados. Desgovernados. Desesperados.
As forças tornam-se o combustível do controlo. Drenados pela impossibilidade da previsão. Continuamos tentando alcançar o inalcançável: o controlo total. Ingénuos. Nem o que sentimos somos competentes para controlar.
Então, para quê tanto desperdício? Para quê tanta angústia sobre o que não nos pertence? Pelo o que não vamos conseguir alcançar? Quanto tempo mais viveremos na ilusão angustiante do que nos aprisiona?
Morre-se tanto no cativeiro mental. Sejamos livres. Abrace-se a liberdade da imprevisibilidade.
O que pensam de nós. O que dizem. O trânsito. O tempo. As pessoas. As circunstâncias. O passado. O presente. O futuro. Não controlamos nada, mas somos controlados pelo que julgamos controlar.
Deve-se iniciar a revolução. Quebrar os grilhões do controlo. Escalar a montanha das falsas crenças. Partir em mil pedaços o vidro dos medos. Abrace-se a liberdade que as possibilidades nos trazem. Sejamos livre de verdade. Livres do controlo.
(Imagem retirada do Google)