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Inquietações

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26
Nov21

A resiliência do SNS

Liliana Rodrigues

A resiliência do SNS

Ora bem, senhora ministra Marta Temido. Cometer erros todos cometem, mas, já dizia a minha avó, “quem não se sente, não é filho de boa gente”.

Disse, de forma imprudente e descuidada, que o SNS precisava de profissionais mais resilientes. Certo é que, foram contratados mais profissionais durante a pandemia, mas a escassez de recursos humanos já existia de forma acentuada. Já se trabalhava com os mínimos. O insuficiente para uma prestação de cuidados de saúde de qualidade e segurança. Sim, disse mesmo insuficiente, isto porque, os tempos médios de espera para cirurgias e consultas de especialidade já andavam, há muito, pela hora da morte.

Nesta altura os profissionais já tinham iniciado o seu treino de resiliência. Fazer mais com o nada que se tinha, era o lema.

Se olhássemos para os CSP, estes profissionais já estavam a treinar, na época pré COVID, a sua resistência. Não no sentido de se constituírem como uma força de oposição, mas no sentido de suportarem os longos e rigorosos invernos dos CSP. Sendo estes os parentes pobres do SNS, vivendo na sombra dos cuidados de saúde secundários, os profissionais deste setor já tinham iniciado o mestrado em resiliência. Um profissional para vários programas de saúde, visitação domiciliária, horário alargado de consulta, vigilâncias, vacinação, consultas de rotina, saúde da mulher, da criança, de planeamento, saúde escolar, intervenção comunitária, ECCI… Desculpe, Sra. Ministra, se é um pouco confuso.

Na verdade, os profissionais já não sabiam por onde se virar antes da pandemia. Imagine agora.

Vacinação, vacinação, vacinação e dois dias para tudo o resto. Isto é a semana de CSP se não houver o bónus da vacinação ao fim de semana. Com isto não quero dizer que a vacinação não seja importante para o controlo dos efeitos da COVID, quero é salientar que, muitos CVC no país, são assegurados pelos mesmos profissionais dos CSP da época pré COVID. Ou seja, um número inferior, arriscava mesmo a dizer que negativo, relativamente às necessidades atuais.

Voltando ao assunto da resiliência. Se já se trabalhava no SNS com um número insuficiente de profissionais de saúde, começando a assistir-se ao êxodo destes trabalhadores, e que agora numa altura em que são preciosos estes e mais alguns, não acha que está na altura de mudar alguma coisa? A estas pessoas não falta resiliência, mas melhores condições de trabalho, reconhecimento e valorização.

Os profissionais do SNS, mesmo com as suas fragilidades, estiveram e estão pronto para responder às necessidades da população. Será que os governantes estão prontos para responder as necessidades dos profissionais do SNS? É que, parece-me a mim, enquanto profissional do SNS, que resiliência não nos falta. E resiliência é bem diferente de abegnação.

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